Um livro arrebatador e absolutamente tocante que trata filosoficamente o tempo que nos escapa, esse que se vai num ápice e que já não podemos recuperar, o mesmo que nos “leva de lambidos”, inexoravelmente e de arrasto.
Ao mesmo tempo é um indelével hino à vida, uma sublime ode em prosa à pulcritude que podemos ir colhendo da existência nas coisas mais ínfimas como nos atos sempre tão efémeros, simplesmente colhendo toda a beleza que nos possa tocar, essa que nos dança em torno, quantas vezes desapercebidamente.
Escrito durante 10 anos pelo reconhecido autor do livro “Três bichos te esperam, quatro te comerão”, esta obra está já a ser considerada, por muitos, como a mais fecunda de Manuel Andrade.
Excerto
“Há que aproveitar o mais possível, tal qual fôssemos tansinhos que já nascemos diminuídos e a bater palmas no ar enquanto nos babamos e aguardamos pelo autocarro derradeiro, paridos para a degenerescência, é o que é, gente que já nasce finita e que, de finitude em finitude, baterá as botas ainda antes que o diabo pisque um olho, sem sequer chegar a saborear o pleno paladar de um dióspiro.”