“Tentativa de algo escrever” é o primeiro romance de Fernanda Bragança. Absolutamente inesquecível para quem a leia, a obra faz-nos recuar no tempo até um Trás-os-Montes dos idos anos 60 e está repleta de uma vivência e linguagem marcadamente arcaicas e regionais, já quase deslembradas nos nossos dias. É também, nesse sentido, um imperdível testemunho de época.
De forma muito graciosa e singela, nela são retratados a simplicidade e os sonhos de uma infância agreste e difícil, onde o sentido de comunidade e a integridade eram valores estruturantes, bem como a luta permanente de uma mãe pela sua liberdade e independência ou o retrato de uma frágil e sábia avó, dedicada ao bem-estar de todos: ensinando a pensar, a tomar decisões e a assumir os erros.
“As bezerras eram lindíssimas. Estas criaturas eram de cor castanha e de onde a onde a pele escurecia, formando manchas irregulares, assimétricas (…) Uma das bezerras chamava-se “Malhada”, outra “Pintada” e outra “Borboleta”.”